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Como as empresas aéreas estão trabalhando para reduzir o impacto ambiental de suas operações?

A sustentabilidade nas empresas aéreas é um tema cada vez mais relevante, diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas e pela crescente demanda por transporte aéreo. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o setor de aviação é responsável por cerca de 2% das emissões globais de CO2 produzidas pela atividade humana. Por isso, as companhias aéreas têm buscado adotar práticas e tecnologias que possam reduzir o seu impacto ambiental, sem comprometer a segurança e a qualidade dos serviços prestados aos seus clientes.

Eficiência energética

Uma das principais formas de diminuir as emissões de carbono na aviação é aumentar a eficiência energética das aeronaves, ou seja, fazer com que elas consumam menos combustível para percorrer uma determinada distância. Isso pode ser alcançado por meio de melhorias no design, na aerodinâmica, nos motores e nos sistemas de bordo das aeronaves, bem como na otimização das rotas e dos procedimentos operacionais.

De acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), a eficiência energética do setor melhorou, em média, mais de 2% ao ano na última década. Além disso, as companhias aéreas têm investido na renovação de suas frotas, adquirindo modelos mais modernos e econômicos. Um exemplo é a GOL Linhas Aéreas, que possui uma das frotas mais jovens do mundo, com idade média de 10 anos.

Combustíveis sustentáveis

Outra forma de reduzir as emissões de carbono na aviação é substituir os combustíveis fósseis por fontes renováveis e menos poluentes. Os chamados combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, na sigla em inglês) são produzidos a partir de matérias-primas como biomassa, resíduos orgânicos, algas e hidrogênio. Eles podem ser misturados ao querosene convencional ou usados puros, sem necessidade de adaptações nas aeronaves ou na infraestrutura existente.

Os SAF têm o potencial de reduzir as emissões de CO2 em até 80% em relação ao querosene fóssil. No entanto, eles ainda enfrentam desafios como o alto custo, a baixa disponibilidade e a falta de regulamentação e incentivos para o seu desenvolvimento e uso. Segundo a IATA, os SAF representam apenas 0,1% do consumo total de combustível na aviação.

Algumas iniciativas têm sido realizadas para estimular o uso dos SAF na aviação. Por exemplo, em 2019, a Azul Linhas Aéreas realizou o primeiro voo comercial do Brasil com SAF, usando uma mistura de 10% de óleo de macaúba em um trecho entre Campinas e Brasília. Em 2020, a GOL Linhas Aéreas anunciou uma parceria com a Shell para abastecer seus voos com SAF produzido a partir do etanol da cana-de-açúcar.

Compensação de emissões

Uma terceira forma de reduzir o impacto ambiental da aviação é compensar as emissões de carbono que não podem ser evitadas por meio da eficiência energética ou dos combustíveis sustentáveis. A compensação consiste em financiar projetos que contribuam para a redução ou remoção de gases do efeito estufa da atmosfera compensação consiste em financiar projetos que contribuam para a redução ou remoção de gases do efeito estufa da atmosfera, como reflorestamento, energia eólica, proteção de ecossistemas e desenvolvimento comunitário. Dessa forma, as emissões de carbono de uma atividade são neutralizadas por outra que evita ou sequestra o mesmo volume de carbono.

Existem diversos programas e iniciativas de compensação de carbono na aviação, tanto em nível global quanto nacional. Um deles é o CORSIA (Carbon Offsetting and Reduction Scheme for International Aviation), um esquema voluntário criado pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) para regular as emissões de CO2 dos voos internacionais. O CORSIA prevê que as companhias aéreas compensem as emissões que excedam os níveis de 2019, por meio da compra de créditos de carbono de projetos certificados.

Compensações no Brasil

No Brasil, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) está trabalhando na regulamentação do CORSIA, que deverá entrar em vigor em 2027 para as empresas aéreas brasileiras que operam voos internacionais. Além disso, algumas companhias aéreas nacionais já oferecem aos seus clientes a possibilidade de compensar as emissões de carbono dos seus voos, por meio de parcerias com empresas especializadas em créditos de carbono.

Por exemplo, a GOL Linhas Aéreas lançou em 2020 um programa que permite aos passageiros calcular e compensar as emissões dos seus voos, por meio da compra de créditos de carbono da empresa Moss. Os créditos são provenientes de projetos florestais na Amazônia que evitam o desmatamento e promovem a conservação da biodiversidade. A Azul Linhas Aéreas também oferece aos seus clientes a opção de compensar as emissões dos seus voos, por meio da empresa Carbonext. Os créditos são originados de projetos agroflorestais que plantam árvores nativas e frutíferas em áreas degradadas.

Responsabilidade social

Além das ações voltadas para a redução das emissões de carbono, as empresas aéreas também têm buscado desenvolver práticas de responsabilidade social, que visam contribuir para o bem-estar das comunidades onde atuam e dos seus colaboradores. Essas práticas envolvem aspectos como diversidade, inclusão, saúde, segurança, educação, cultura e cidadania.

Um exemplo é o programa Voe do Bem, da Azul Linhas Aéreas, que apoia diversas organizações sociais que atuam nas áreas de saúde, educação e assistência social. O programa oferece passagens gratuitas ou com desconto para pacientes que precisam se deslocar para tratamentos médicos, voluntários que realizam trabalhos sociais e estudantes que participam de programas educacionais. Além disso, o programa também realiza campanhas de arrecadação e doação de recursos para as entidades parceiras.

Outro exemplo é o programa Águias do Bem, da GOL Linhas Aéreas, que realiza voos humanitários para transportar órgãos para transplante, vacinas contra a covid-19, equipamentos médicos e profissionais da saúde. O programa também apoia projetos sociais nas áreas de educação, esporte e cultura, por meio da doação de passagens aéreas e da realização de eventos beneficentes.

Conclusão

A sustentabilidade nas empresas aéreas é um desafio que envolve diversos aspectos e requer o comprometimento de todos os agentes do setor. As companhias aéreas têm adotado medidas para reduzir o seu impacto ambiental e social, mas ainda há muito espaço para avançar na busca por uma aviação mais verde e responsável. Para isso, é preciso investir em inovação tecnológica, incentivar o uso de combustíveis sustentáveis, promover a compensação de emissões, fortalecer a responsabilidade social e engajar os clientes e os colaboradores nessa causa.

A aviação é um setor essencial para a economia e para a sociedade, mas também tem uma grande responsabilidade com o meio ambiente e com as gerações futuras. Por isso, é importante que as empresas aéreas busquem soluções que possam conciliar o desenvolvimento do setor com a preservação do planeta.

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